Em “MAD MAX: Fury Road” o apocalipse é futuro, a loucura é contemporânea.
[Texto originalmente escrito em 2015.]
[Texto originalmente escrito em 2015.]
Lembro-me que pouco após a saída da sessão do cinema em que vi o filme com mais dois amigos, estávamos um tanto estonteados com o filme tanto pelo parte técnica, a ação e enredo que faz da sétima arte algo maravilhoso em profissionalismo mas, principalmente, por como a loucura era retratada, prestando atenção nas coisas, nas pessoas e até em nós mesmos e tudo bem. Conversa vai, conversa vem e o dia se passou, até que então no decorrer dos dias pegamos a mania de quando víamos algo estranho que as pessoas faziam, desde alguém correr na rua gritando de uma forma cômica-desesperada até um assassinato tortuoso exposto de forma sensacionalista nos canais de TV tanto aberta quanto fechada, nossa fala era: “Mad Max não tá longe não.” De início era algo engraçado e não deixou de ser, mas eu comecei a pensar o quanto pensava nessa frase enquanto observava o mundo, só pelo simples fato de andar pela rua e começou a me deixar com a mente coçando.
Ora, mas o que é a loucura? Quem está louco? Será que eu estou louco? Esses tipos de perguntas são coisas que não posso responder, não vou me ater ao que é a loucura, só que provavelmente estamos a uma linha tênue com ela, se não estivermos já afogados nela. Vou me ater à como a caricatura retratada no filme a essa “loucura surtada/caótica” está em nossas mãos.
Em meio ao filme são vistos extremos, críticas em detalhes, sendo um filme assumidamente feminista, mostrando a objetificação da mulher, o fanatismo religioso controlador e mortal, as três cidades que demonstram os maiores mercados, sendo o bélico, o petrolífero e, logo menos chegamos lá, o de água, a individualidade que o ser carrega nos ombros, a escravização de crianças tanto física quanto mental, as paranoias traumáticas que todos carregam e, claro, a destruição física do mundo, afinal, estamos falando de um mundo pós apocalíptico.
E fica a pergunta, em que parte desses tópicos citados se trata de um futuro? Tenho de responder que nenhuma. Só não foram jogadas bombas atômicas que fizeram tornar um deserto laranja sanguinolento, mas calma lá, que a gente chega lá.
A gente chega.
Então acaba por me estranhar pensar no filme como algo de um “futuro pós apocalíptico” porque em seu plano de fundoriquíssimo feito por George Miller, é só um retrato escrachado do hoje e isso, quando pensado assim, dá um comichão nas entranhas. Um monstro em um corredor assusta tanto no fim do corredor, como a sua frente, mas assusta mais quando está diante da sua face, com os dentes já abocanhando seu nariz.
A rua fora um exemplo que usei por ser o mais clássico das relações sociais e não é de hoje que é vista o quanto a rua não se passa de um manicômio grandiloquente, mas a TV também com suas doutrinações religiosas, seu sensacionalismo, seus comerciais de cerveja. A internet por ser extremamente abrangente tem dois lados, mas há lados tão mais amedrontadores na internet que é de desgraçar a cabeça.
As relações humanas também são algo que não é preciso haver uma explosão para se ver, a falta de comunicação do próprio Max Rockatansky em que a preferência de ficar sozinho é como ele sabe lidar — dito anteriormente, a individualização do ser humano, tal qual, me soa como um dos maiores danos ao ser- o forçar em tornar a mulher forte, afinal, a partir do momento em que não há uma força, torna-se ela de animado a inanimado — Vide Imperatriz Furiosa e seus olhos chorosos — e nem todos são fortes, poucos são, sejam mulheres, homens ou qualquer subgênero. É bom não ter que ser forte para aguentar as coisas em muitas horas.
Enfim, Mad Max é um filme maravilhoso que os olhos lambem o cinema quando visto, a respiração acompanha a ação toda, arrepiante e estupefato, mas que quando visto olha-se para o penhasco ele olha de volta para seus olhos, e então, tornar-se um “terror” em um estalar de dedos se torna realidade.
Mad Max não está longe não.