no safari dentro de meus sentimentos
lembrei-me de animais exóticos e animais pequeninos,
talvez tenha achado as tais borboletas no estômago
apesar de tê-la perdido de vista:
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quando no beijo com Susan batemos os dentes e retumbaram como se dois planetas se chocassem.
quando beijei Ana Julia ao som de "Learnin' the blues" e dei de cara com o melhor beijo da minha vida.
quando peguei no seio esquerdo de Lorrayne e ela aconchegou minha mão.
quando Bárbara sorria como uma criança sapeca ao meu encontrar.
quando Ana Julia perguntava perguntas irrespondíveis sobre a vida não como quem pergunta a um sábio, mas, sim, quem pergunta um parceiro com asas parecidas com as dela.
quando Susan me dizia que eu era "Keropi", o sapo de pelúcia.
quando Bárbara desfilava sua inteligência tímida me mostrando coisas.
quando Elis, deitada de lado ao meu colo, com a boca salivando de apetite, calcinha pro lado, respeitou meu momento de coração quebrado.
quando todas, a distancia curta do rosto, me falou algo qualquer enquanto sorria diretamente pros meus olhos, não minha boca.
todas as vezes que Giulia me comeu com os olhos.
quando Bárbara sentava em mim de costas, formando com seu quadril, o instrumento musical de cordas mais bonito que eu já vi.
quando eu e Ana Julia transamos chorando, juntos.
quando conseguia escoar qualquer tristeza de Bárbara com cafuné em seus cabelos grossos pós-vermelhos.
quando Susan estava enraivecida comigo porquê eu não a amava em tal quantidade.
quando Giulia fez uma pizza desde a criação da massa só pra demonstrar a alegria daquele momento que parecia uma pausa no tempo.
não tenho tantos momentos de amor assim com Lorrayne e talvez esse seja o único momento de amor.
quando todas apertaram o passo pra me abraçar.
quando Camila me olhava bêbada, vezes sóbria.
quando, em todas as vezes, Ana me fez achar que a vida é uma estrada.
quando, eu e a Ana Julia, jogávamos videogame.
quando, de fato, peguei a estrada com Ana e me vi viajando pra além da estrada.
quando fui acordado gentilmente, mas, intensamente, com a boca de Giulia e gozei a lua em meio a madrugada.
quando Amanda me fez me levar pra Recife.
quando Amanda se fez se trazer pra Belo Horizonte.
quando, com Ana, caminhamos pelas ruas de Tiradentes absolutamente embrigados sem medo do mundo, aliás, o mundo é que nos admirava.
quando Bárbara me deu uma camiseta que eu odiei com todo amor do mundo.
quando Mari se abaixou e se levantou como quem hasteia uma bandeira e disse que me amava numa conversa triste.
quando Ana Julia me pedia pra abrir os sachês de ketchup porquê não conseguia.
quando Mari me deu uma planta que esteve viva enquanto estivemos juntos e morreu quando não mais estávamos.
quando Amanda me mandou uma carta com um texto que se derretia em poesia que cheirava a ela.
quando Amanda me enviou todas as fotos de todos os lugares que fomos em Recife.
quando Alany cachoeirava toda em cima de mim.
quando Alany falava e só falava com o sotaque sergipano.
quando me encaixava absolutamente perfeitamente nas costas de Ana Julia e tudo era quente.
quando virei a noite com Ana pelas ruas depois de nunca mais virar a noite.
quando Ana Julia cantava pra mim.
quando Mari me contava os sonhos de vida e eu no, no canto de mim mesmo, assustado com tantos sonhos.
quando Alany andou a avenida Fleming junto de mim em busca de maconha.
quando Bárbara queria me cuidar.
quando vivi vivo a casa de Ana Julia.
quando Ana dizia que ia pra qualquer lugar comigo e eu também iria tanto com ela, quanto comigo.
quando Bárbara fez minha primeira festa surpresa na vida e eu, desajeitado e desarranjado que sou, estraguei.
quando Alany gemia e gemia e gemia só de me deixar acariciar seu pescoço.
quando Ana Julia queria me ensinar a desenhar.
quando eu e Ana gozamos juntos em cima de seus lençóis decoradamente vermelhos.
quando Amanda me sorria.
quando o coração de Mari disparava e ela me dizia.
quando estava meio morto e todas elas me ofereceram vida, assim, de bom grado, como quem só é gentil.
quando Bela me chamava de "Matheuzinho" sendo ela ruivinha de um metro e meio.
quando Ana me chamava de "mô" e estranhava meu nome.
quando Amanda se desenhou, ilustrou, preencheu, pintou, iluminou pra mim.
quando perdemos as horas porquê estávamos nos achando em demasia, um no corpo do outro.
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quando amei tudo que me amaram e amaram tudo que as amei.
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no safari museológico de minhas entranhas
lembro que lembrei
e me vem também todos os meus momentos de amor que dei, pois, amava doar amor
e dentre os animais exóticos
era assim que mostrava minhas asas.
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hoje, não tanto.
endureci, morri, revivi, vivi, me tornei arisco.
hoje mais como um gato
do que como um leão.
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mas,
lembrar que se lembra é importante.
lembra que eu sei ser amado
e, também, amar.
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só preciso desentravar minhas asas,
pois,
a dureza não ama,
só quando arrefece pra algo não-mais-duro
e, sim,
fluido,
como a água ou
a areia.
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